Todo mês de março, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher, invariavelmente surge alguém falando: “ah, mas e o Dia do Homem?”
A notícia é que, sim, ele existe, e aqui no Brasil ele é comemorado no dia 15 de julho – embora a Organização das Nações Unidas (ONU), tenha definido o 19 de novembro como o Dia Internacional do Homem. Ou seja, a população masculina não tem apenas uma, mas duas datas comemorativas “pra chamar de suas”! Mas, para além da brincadeira, essas datas têm uma importante razão de ser: lembrar de um tema que, infelizmente, por desconhecimento, vergonha ou preconceito, muitos homens deixam de lado – a própria saúde.
Quando falo em saúde do homem, estou falando em seu sentido mais amplo, que inclui os aspectos físico, mental, sexual. O cenário atual, marcado pelo coronavírus, torna ainda mais importante a atenção com todas essas dimensões. O isolamento, o estresse, as pressões diárias, as incertezas quanto ao futuro potencializaram os riscos ao bem-estar de todos.
Na contramão da necessidade de aumentar os cuidados com a saúde num momento como esse, uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) realizada em 2020 aponta que houve uma redução de aproximadamente 80% nos atendimentos ambulatorial e em consultórios privados da especialidade. Com isso, doenças tipicamente masculinas como câncer de próstata, tumores na bexiga e nos testículos estão deixando de ser diagnosticadas e tratadas. E todos sabemos o quanto o diagnóstico e o tratamento precoces são importantes para a cura.
Se no que diz respeito à saúde física a situação inspira atenção, não é diferente do ponto de vista emocional e sexual. A pandemia impôs, para os “avulsos”, um isolamento social que dificultou o surgimento de novos relacionamentos e aumentou a sensação de solidão. Para os casados (ou morando juntos), o home office resultou numa convivência forçada de 24 h ininterruptas, por 15 meses seguidos, que vem gerando atritos, tensões e desgastes na vida a dois e/ou familiar.
Ansiedade, estresse, depressão são reflexos naturais desse quadro. Uma pesquisa de 2020 feita pela DATASUS, mostrou que 86,5% dos 17.491 indivíduos adultos (homens e mulheres) ouvidos pelo Ministério da Saúde apresentavam sintomas de ansiedade, 45,5% de estresse pós-traumático e 16% de depressão grave no primeiro ano de pandemia.
Com tudo isso, como fica a vida sexual, então? Como psicoterapeuta e sexóloga, constato que a diminuição do desejo é queixa recorrente dos pacientes que procuram meu consultório, e que enviam suas dúvidas para o meu programa na rádio ou através do meu site.
O bom é que, para tudo isso que vem nos assombrando neste quase um ano e meio, há uma palavra que se não é mágica, está quase lá: AUTOCUIDADO. O que isso significa? Tomar atitudes conscientes na busca da própria saúde e de uma melhor qualidade de vida para si mesmo.
Do ponto de vista físico:
– alimentar-se bem;
– exercitar-se;
– evitar excessos;
– cuidar da higiene do sono (dormir bem / acordar descansado);
– manter em dia todos os exames médicos recomendados para sua faixa etária;
etc.
Do ponto de vista mental/emocional e sexual:
– dedicar-se a um hobby;
– fazer atividades relaxantes como meditação, ioga, tai chi chuan;
– cuidar da saúde física, pois ela reflete no seu desempenho sexual;
– ter um diálogo aberto e franco com o/a parceiro/a sobre o que está acontecendo;
– buscar novidades para aquecer o relacionamento (pode ser qualquer coisa: um jantar especial, sex toys, géis, fantasias);
– buscar o auxílio de um terapeuta que possa ajudá-lo a lidar com as questões emocionais e sexuais (terapia individual, de casal ou familiar).