Como seria se, depois de partir, tivéssemos a chance de voltar novamente? Acho que muita gente já se perguntou isso. Eu sempre me pergunto.
Será que a experiência de nascer em um berço de ouro não seria interessante? Uma rainha, quem sabe? Conhecer os lugares em que nunca estivemos deve ser muito divertido. Subir em um palco, fazer o público delirar, como deve ser isso?
Entre todas as variáveis imaginadas, uma delas permanece intacta: quero voltar mulher. Não importa em qual país ou situação financeira. Não importa se com um sorriso largo ou com a beleza da timidez. Por incrível que pareça, nem se o amor não me for oferecido em doses maciças ou mesmo se tiver de abdicar de pequenos confortos, nada disso me assusta. Agora, voltar mulher é a única condição para retornar e começar tudo de novo.
Você pode pensar “assim não vale Lelah! Agora que você conhece o que é ser mulher é fácil vestir a mesma pele”. Engano.
Eu gostaria de voltar mulher para descobrir ainda mais os segredos que se escondem nos desvãos da feminilidade. Gostaria de ter outro filho, porque não há nada comparável a essa sensação divina. Gostaria de trilhar os passos que podem me fazer muito melhor, confiante, pronta para a vida. Unir como nunca razão e sensibilidade, emoção e firmeza. Conhecer as respostas que me faltam, as atitudes que, devido às convenções, muitas vezes são reprimidas em nome do comportamento esperado de nós, mulheres.
Voltar para descobrir tanta coisa bonita, para revisitar a encantadora maneira de olhar o mundo que só uma mulher possui. Para conversar mais. Para chorar como uma doida no final do filme ou da novela. Para dançar a valsa dos quinze anos. Para ver minha família feliz. Para ser feliz.
Ah! E para oferecer às pessoas um coração ainda maior. Gigante. Coração de mulher. Aquele que tem espaço de sobra para abrigar quem sabe conquistá-lo, quem dele necessita para dividir aflições e alegrias, para abri-lo às boas almas que no seu íntimo, confortável e belo, podem mostrar quem são.
Feliz Dia da Mulher, aquela que somos ou pretendemos ser eternidade afora.
Abs, da Lelah.