Estamos no mês de maio. Mês das Mães. As mensagens publicitárias nos relembram a todo momento de tudo o que associamos ao sentimento maternal: afeto, dedicação, cuidado, carinho. Isso torna ainda mais gritante o assombro que nos trazem as manchetes dos noticiários, mostrando que nem sempre as coisas são tão “perfeitas”.
A morte do menino Henry, vítima de agressões continuadas pelo namorado da mãe que, sabendo do que acontecia, nada fez, nos confronta com uma série de perguntas, para as quais muitas vezes não temos resposta.
As respostas para esse caso concreto só poderão ser dadas com a conclusão das investigações e após uma profunda análise. Porém é possível elencar algumas possibilidades a partir de casos semelhantes. Muitas vezes, são as mesmas que levam mulheres a permanecerem em relacionamentos tóxicos, vítimas da violência doméstica por parte do parceiro.
Em qualquer dessas situações, o principal inimigo é o SILÊNCIO. E não só da mãe.
Chamo a atenção para a importância que outros personagens podem ter para evitar tragédias como essas – cuidadoras, vizinhos, professores, por exemplo. Henry deu sinais do que estava sofrendo. Tinha marcas de agressões anteriores. Seu comportamento deve ter mudado, ter ficado mais arredio. Ele demonstrou que não gostava de ficar na companhia do namorado da mãe. A babá sabia. Calou. Ex-namoradas do agressor já haviam passado por situações semelhantes. Também calaram.
Como membros da comunidade, precisamos estar atentos aos sinais. Quando percebermos que os direitos de crianças e adolescentes estão sendo “ameaçados ou violados pela própria sociedade, pelo Estado, pelos pais/responsáveis ou em razão de sua própria conduta”, não podemos calar. Os Conselhos Tutelares, criados em 1990, com a publicação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), estão aí para zelar pelo cumprimento desses direitos e evitar que outros casos Henry voltem a acontecer.
Em tempo: você encontra os os endereços e contatos dos Conselhos Tutelares da cidade de São Paulo nesse link – https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/direitos_humanos/criancas_e_adolescentes/conselhos_tutelares/.
A terapia (individual ou familiar) pode ajudar na superação de situações decorrentes de relacionamentos tóxicos e abusivos. Para saber mais ou para agendar consultas, entre em contato pelo Whatsapp 11 99996-3051.
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Quando termino de escrever esse artigo, as investigações parecem concluir que “há indícios de que Monique (a mãe de Henry) teria sofrido algumas agressões” por parte do namorado, mas que “há provas de que ela não se sentia subjugada” por ele. E que usava ameaças de denunciar as agressões como armas para fazer “com que Jairinho (o namorado agressor) se submetesse às condições por ela impostas” (ver matéria da Veja Online neste link).
Lelah Monteiro