Artigo publicado originalmente na Coluna Papo & Cafezinho do Portal CBSSI / Projeto Reabilitação*, em 29.09.20, neste link.
A pandemia de coronavírus trouxe várias mudanças em nosso dia a dia – e com o sexo não poderia ser diferente. Como, em tempos de isolamento social, satisfazer-se sexualmente com segurança?
A primeira recomendação é: evite ter relações sexuais, a não ser com pessoas que estejam na quarentena com você. Ou seja, casais que convivem na mesma casa, dormem no mesmo quarto e desde que nenhum esteja com suspeita ou diagnóstico de Covid-19.
É claro que, mesmo nesses casos, há algum risco. Principalmente quando, por força de sua atividade, essas pessoas acabam tendo contato com situações de potencial exposição ao vírus – caso de quem não pode optar pelo home office, profissionais de saúde e de serviços essenciais.
Então, vale usar o bom senso: se encaixa nesse perfil? Talvez seja hora de dar uma pausa e redobrar os cuidados – muitos médicos e enfermeiros, por exemplo, optaram por fazer uma espécie de “quarentena dentro da quarentena”. Passaram a dormir num quarto separado, ou mudaram-se temporariamente para hotéis a fim de evitar levar o vírus consigo para casa. É claro que essas opções não estão acessíveis a todos, mas é preciso, de acordo com as condições que se apresentem, tomar precauções. Vale a premissa básica: manter uma saúde integral plena, com boa alimentação, controlar o estresse, ter bom sono, tomar as medidas de higiene já amplamente divulgadas (uso de álcool gel e lavagem das mãos), usar corretamente os equipamentos de proteção individual (de acordo com sua atividade), tirar as roupas e sapatos ao chegar em casa etc.
Quando o assunto são casais que se relacionam há algum tempo, mas moram em casas separadas, e estão respeitando rigidamente a quarentena, pode-se até abrir exceções. Mas recomenda-se um maior cuidado ainda, claro. Sem contar que é preciso haver muita confiança entre as partes, e a certeza de que nenhum dos dois está burlando o isolamento social e se expondo ao contágio. Não tem convicção disso? Nada de sexo, meu bem!
Agora, pra quem está começando um relacionamento novo, talvez seja o caso de dar um tempo. Conhecer melhor a pessoa e seus hábitos antes de manter relações sexuais. Muita gente nessa situação está até optando por fazer o teste de COVID-19 para saber se um dos dois foi exposto ao vírus ou não. Novos tempos.
O risco maior, sem sombra de dúvida, está na prática do sexo casual. Esse deve ser evitado.
Muitas pessoas chegaram a comparar a situação que envolve a COVID-19 às ISTs e AIDs, o que não procede. O coronavírus é uma SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) transmitida através das gotículas expelidas quando a pessoa fala, tosse ou espirra, que se espalham pelo ar e ficam depositadas em superfícies de objetos ou nas mãos. O contágio pode ser direto (daí a necessidade do distanciamento e do uso de máscaras) ou por contato das mãos infectadas com as mucosas da boca, nariz, olhos etc. (daí a necessidade de lavar bem as mãos, e higienizar objetos e as mãos com álcool gel). Não se dá pelos fluídos vaginais, urina, sêmen ou fezes (embora estudos tenham detectado o vírus nestes dois últimos, não foi possível determinar seu potencial de transmissão). Há quem diga que se você manter uma relação sexual sem chegar muito perto (oi???) e sem beijar (aaahnnn????) o risco de contágio é menor.
Bem complexo isso, né? Talvez aí seja o caso de optar por outras formas de se satisfazer sexualmente.
Uma frase que tem circulado é “durante essa pandemia, o seu melhor parceiro sexual é você mesmo”. A masturbação pode ajudar a superar esse período de “seca”. É sintomático que o mercado de sextoys tenha experimentado um “boom” nos últimos meses. Outra alternativa é o sexo virtual, acessível a um click no teclado ou na tela touch screen. Só não pode esquecer, é claro, de higienizar tudo.
Paciência…#vaipassar.
Lelah Monteiro
(*) Este artigo para o Portal CBSSI / Projeto Reabilitação foi escrito a convite de Paulo Dias de Campos, Diretor do Centro Brasileiro de Segurança e Saúde Industrial – CBSSI.